terça-feira, 14 de fevereiro de 2017

Chikungunya provoca doenças vasculares irreversíveis em pacientes, revela pesquisa


As pernas pesadas, o inchaço nos pés e a dificuldade de andar fizeram a dona de casa Vera Lúcia Amaral Marques, de 45 anos, usar sandálias especiais ortopédicas e muleta um ano após ser diagnosticada com o vírus da febre chikungunya no Recife.
Ela integra o grupo de pacientes que participam de uma pesquisa inédita do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE), que revela lesões vasculares irreversíveis provocadas pela doença.
"Tanto as minhas pernas como os meus pés ficam horríveis de tão inchados. Sinto câimbras antes de dormir e tenho vergonha de usar short ou vestido curto. Pareço mais velha, não vou mais para academia e até os meus sapatos eu tive que deixar de lado porque já não cabem mais", disse a pernambucana à BBC Brasil.
Dos 32 pacientes analisados com os sintomas, 29 voltaram para serem acompanhados pelos especialistas no estudo. Destes, 20 repetiram o exame e foi constatado que 65% mantinham as alterações vasculares crônicas.
"Manifestações vasculares na chikungunya estavam restritas a fases iniciais da doença. Agora, o estudo mostra não só uma nova manifestação como a cronificação dela, já que os sintomas persistiram por mais de três meses", destaca Catarina Almeida, cirurgiã vascular responsável pelo estudo, que defende o tema em sua tese de mestrado.
Os pacientes apresentaram problemas como linfedema agudo (acúmulo de líquido nas pernas devido ao bloqueio do sistema linfático) e edema no dorso do pé.
As alterações linfáticas foram detectadas pelo exame de linfocintigrafia. Ainda é desconhecido o motivo das lesões vasculares crônicas atingirem apenas os membros inferiores.
"Nosso próximo passo, agora, é fazer uma investigação molecular e entender o motivo disso acontecer. Se é resposta imunológica a infecção exacerbada do paciente ou ação direta do vírus", disse Almeida à reportagem.
Os pesquisadores explicam ainda que a morbidade do paciente aumenta com essas lesões e eles ficam mais suscetíveis a terem infecção nos membros inferiores. "Além disso, o linfedema crônico não tem cura - é irreversível."
O levantamento foi feito de março a novembro de 2016. Assim como a dengue e a zika, a chikungunya também é uma doença viral transmitida pelo mosquito Aedes aegypti.

Ascom/Instituto Zumbi dos Palmares
 
Benom Pinto da Silva, 79, morreu cerca de 15 dias após ser diagnosticado com chikungunya
 
Convivendo com a dor

Um ano e três meses após sentir os primeiros sintomas da febre, o aposentado pernambucano José Severino Pedrosa, de 76 anos, diz que o uso de analgésicos acaba sendo inevitável.
"Aprendi a conviver com a dor, mas tem vezes que eu não aguento e tenho que tomar analgésico. Antes caminhava todos os dias. Agora, se caminho num dia, tenho que descansar dois ou três porque fico todo dolorido. Também não posso com muito peso como antes", conta.
Funcionária de uma escola municipal de Recife, Jaciane Braz, de 57 anos, passou a usar sapatos de número maior por conta do inchaço. Ela conta que ficou com a pele escura e escamosa nos membros inferiores e não aguentar ficar muito tempo em pé.
"Sofri um AVC e logo depois veio a febre chikungunya. Mas só consegui marcar consulta para confirmar a doença sete meses depois porque não tinha vaga no hospital", lamentou.
A grande maioria dos pacientes que participaram da pesquisa são mulheres - segundo médicos, isso acontece porque os homens buscam com menos frequência o sistema de saúde.
Para amenizar o problema, a orientação é o uso de meias de compressão, drenagem linfática e elevação dos membros.



Preocupação

De acordo com o último boletim epidemiológico divulgado pela Secretaria de Vigilância em Saúde do governo federal, em 2016 foram registrados 271.824 mil casos de chikungunya no país - um aumento expressivo se comparado a 2015, que teve 36 mil casos.
Segundo o Ministério da Saúde, houve ocorrência de casos em todo o país, mas com maior incidência no Nordeste (235.136 casos) e no Sudeste (24.478).
No Brasil, a transmissão autóctone (contraída na cidade em que se vive) foi confirmada no segundo semestre de 2014, inicialmente nos Estados do Amapá e da Bahia.



A baiana Dannyelle Campelo, 32, toma diversos remédios devido à chikungunya
O número de mortes passou de 14 em 2015 para 196 em 2016. Os Estados que apresentaram o maior número de vítimas são Pernambuco (54), Paraíba (32), Rio Grande do Norte (25), Ceará (21) e Rio de Janeiro (9). "Surpreendentemente não temos epidemia como era previsto neste verão, mas o aumento de casos e mortes preocupa e, indiscutivelmente, os números são muito maiores do que esses e a tendência é continuar, infelizmente", disse o infectologista Rivaldo Venâncio da Cunha, coordenador de Vigilância em Saúde e Laboratórios de Referência da Fiocruz (Fundação Oswaldo Cruz).
"Em campo, temos visto muitas lesões vasculares em doentes - mas muitos deles já tinham uma certa idade e uma certa insuficiência vascular", acrescentou.
Em nota, o Ministério da Saúde informou que "o governo federal intensificou a atuação contra o mosquito transmissor da febre de Chikungunya, Dengue e Zica com campanhas publicitárias em TV, rádio, internet e outros meios, distribuição de testes rápidos de Zika, campanhas educativas e mutirões de faxina".

Europa

Um levantamento feito pelo Hospital para Doenças Tropicais de Londres mostra, em um mapa, que pouco mais de 100 países já registraram casos reportados em possível transmissão local. Na América Latina, apenas Chile e Uruguai ficaram de fora do índice de ocorrência.
De acordo com Mike Brown, médico especialista em doenças infecciosas e medicina tropical da instituição, tem havido alta incidência global de chikungunya nos últimos dez anos e os vetores ainda têm potencial para propagação em outras regiões.
"Para a maioria dos pacientes é uma doença viral autolimitada (seus sintomas acabam desaparecendo sozinhos), mas para muitos a artralgia pode ser muito prolongada e debilitante. A mortalidade devido a condição é considerada baixa, mas complicações como encefalite, especialmente em indivíduos imunodeprimidos, pode ocorrer (também)", afirmou à BBC Brasil.
O médico diz que organizações como Geosentinel (rede de vigilância global e tropical de medicina) já registraram casos de pacientes com chikungunya importados para a Europa - na França e Itália - e adquiridos localmente no sul do Mediterrâneo.
"Cerca de dois, três anos atrás, alguns hospitais, como o nosso, passaram a ter atendimento clínico dedicado a pacientes com chikungunya com uma equipe formada por reumatologistas e especialistas em medicina tropical para melhor gerenciar e entender casos relacionados de artralgia e artrite", destacou.

Maria Helena Araújo/jornalista/ UOL  Ciência e Saúde

segunda-feira, 23 de janeiro de 2017

O que fazer - e não fazer - quando se está com gripe ou resfriado

Nenhum de nós pode evitar ficar gripado ou resfriado, mas, uma vez que isso acontece, há à nossa disposição uma vasta gama de tratamentos.
Porém, nem todos eles vão ajudar - e o melhor remédio a ser usado vai depender principalmente do que está te afetando: é gripe ou resfriado?
As duas condições têm sintomas parecidos, mas são na verdade bem diferentes. A gripe é causada por mutações do vírus influenza, ao passo que o resfriado pode ser causado por mais de 200 tipos de vírus.
O resfriado vai fazer com que você se sinta "podre", mas seus sintomas aparecem de maneira gradual. A gripe é mais severa e te deixa de cama, normalmente trazendo a tiracolo febre e exaustão e outros sintomas que ocorrem de forma mais rápida.
Abaixo, damos as evidências científicas do que ajuda - e o que não ajuda - no combate a ambos.


Conheça alguns mitos e verdades sobre a gripe

Vale a pena tomar chá para ajudar na cura da gripe?
 PARCIALMENTE VERDADE: embora não existam estudos científicos que comprovem a eficácia de chás no combate à gripe, sabe-se que alguns tipos aliviam os sintomas como chás de hortelã, menta, alho, mel e limão, por exemplo. "A menta tem poder expectorante, o alho e o mel estimulam o sistema imunológico", diz Angela Beatriz Lana. "O chá quente provoca uma vasodilatação local que minimiza a sensação de desconforto, melhora o aporte de oxigênio e nutrientes necessários para o corpo reagir e permite a reposição de células. Além disso, fluidifica as secreções, auxiliando sua eliminação e atenuando a congestão", conclui o clínico geral e coordenador do SalomãoZoppi Diagnósticos, Eduardo Finger.

Alimentação

Especialistas do Common Cold Centre, da Universidade Cardiff, no País de Gales, recomendam comer de forma saudável para manter a energia.
Mas apenas se você sentir fome - e não forçar a ingestão de alimentos.

Resistir ou se render?

Escute seu corpo. Não force a barra e descanse. O quanto vai depender de como você está se sentindo.

Mel e limão?

Chá com limão e mel ou chocolate quente não são formas comprovadas de ajudar no combate a gripes e resfriados.
Mas essas doenças normalmente causam tosses, espirros e maior sudorese, o que leva a uma maior perda de líquido do que o normal.
Por isso, médicos recomendam tomar bastante água e uma ou outra xícara de chá ou café.
Mas não exagere da hidratação, pois o consumo exagerado de água pode ser perigoso.

Paracetamol ou ibuprofeno?

Os dois medicamentos funcionam e podem até ser tomados juntos. Mas é bom prestar atenção nas quantidades ingeridas e não exceder a dose máxima recomendada.
E o ibuprofeno deve ser tomado junto com comida ou de estômago cheio.

Pomada mentolada e óleo de eucalipto

Não há evidência de que funcionem, mas podem oferecer alívio temporário.
Esfregar um pouco no peito ou fazer inalações em uma bacia de água quente ajuda a descongestionar o nariz.

Vitamina C e zinco

A vitamina C tem sido usada desde os anos 1930 no tratamento de infecções respiratórias, mas só se
 popularizou nos anos 1970, quando o químico Linus Pauling, vencedor do Prêmio Nobel, defendeu seu uso para prevenir e aliviar resfriados.
Porém, uma análise de estudos sobre o assunto pela Cochrane Group, uma rede independente global de profissionais da área da saúde, concluiu: seu uso não ajuda muito.
Mas também não provoca danos em casos de consumo em excesso - o organismo elimina na urina o que não consegue usar.
Já o zinco pode ser perigoso se consumido em grandes quantidades.

Antibióticos

Anitibióticos são inúteis para tratar resfriados e gripes, porque essas mazelas têm origem viral.
Esse tipo de remédio só serve para casos de infecções bacterianas.


Conheça alguns mitos e verdades sobre a tosse

Tosse pode ser transmitida de pessoa para pessoa?
 VERDADE: porém, isso só é possível se a tosse for causada por um agente infeccioso, tal como vírus (da gripe), bactérias (pneumonia, laringite, sinusite bacteriana e tuberculose) e fungos (principalmente se o receptor tiver baixa resistência). "Outras condições que causam tosse, como alergias e refluxo (ácido do estômago que retorna ao esôfago e à garganta), não são transmitidas", sustenta o otorrinolaringologista Alexandre E. S. Cercal, membro da Associação Brasileira de Otorrinolaringologia e Cirurgia Cervico-Facial

Maria Helena Araújo/jornalista/fonte UOL Notícias Saúde e Ciência

domingo, 1 de janeiro de 2017

Estação Saúde fecha 2016 com recorde de audiência


 Há treze anos recebemos o incentivo de um amigo querido, para voltar ao rádio, com a proposta de fazendo o que gosto, prestar um serviço a população. A ideia foi pensada, projetada e viabilizada. Os contados necessários foram feitos.
Como deveria ser o formato do Programa; Entrevista, com perguntas diretas, em linguagem simples,acessível  ao público.
O foco do Programa seria a Saúde, abordando semanalmente um tema previamente escolhido, sugerido, tanto pela apresentadora, como pelo especialista convidado.
Diz o ditado popular, " E melhor prevenir que remediar", então! o povo de nossa Região teve dai em diante um espaço para aprender a fazer prevenção. As Unidades Básicas de Saúde, ganharam um novo olhar por parte dos usuários.
A melhor parte de tudo isso seria a desvinculação do Programa Estação Saúde, diga-se de passagem, o nome foi uma sugestão de familiares e amigos, da empresa, ficando assim livre de qualquer interferência política. Seria uma relação entre cliente e empresa.
E agora? Como buscar parceiros que tivessem interesse em divulgar seu nome, como profissional de saúde, numa mídia que seria uma vitrine para os que atuam na área? Funcionou, ao longo dos treze anos que estamos no ar, muitos viram seus nomes serem levados para toda região.
Quantos não prestaram um grande serviço a população, dividindo seus conhecimentos, e tirando a venda dos olhos dos que se sentiam perdidos no mar da falta de informações.
Todos ganhamos com o Estação Saúde. Então vamos continuar aprendendo juntos. Que venham nos Novos Anos.

Maria Helena Araújo - jornalista

segunda-feira, 12 de dezembro de 2016

Escorbuto reaparece na Austrália devido a dietas pouco variadas


Falta de diversidade da dieta tem feito surgir casos de escorbuto (Foto: Thomas Samson / AFP)
O escorbuto, uma doença historicamente associada com os marinheiros do velho mundo que realizavam longas viagens, está reaparecendo na Austrália devido a dietas pouco variadas, segundo autoridades de Saúde.
Causada pela deficiência de vitamina C, a condição costumava ser uma maldição comum - e muitas vezes fatal - entre os navegantes que passavam meses sem consumir frutas e vegetais frescos.
Hoje considerado raro, o escorbuto ressurgiu devido a maus hábitos alimentares, segundo Jenny Gunton, que dirige o Centro de Pesquisa sobre Diabetes, Obesidade e Endocrinologia do Instituto Westmead em Sydney.
Ela descobriu a doença após observar em vários dos seus pacientes feridas que não cicatrizavam.
"Quando perguntei sobre a dieta deles, uma pessoa disse que estava comendo poucas frutas e vegetais frescos, e o resto comia quantidades adequadas de vegetais, mas estavam cozinhando demais os alimentos, o que destrói a vitamina C", disse a pesquisadora.
"Isso mostra que uma pessoa pode ingerir muitas calorias e mesmo assim não receber nutrientes suficientes", acrescentou.
O diagnóstico de escorbuto em 12 pacientes foi feito com base em exames de sangue e sintomas. Todos foram curados com uma simples ingestão de vitamina C.
A falta de vitamina C pode levar a uma formação deficiente do colágeno e de tecidos conjuntivos, causando hematomas, sangramento na gengiva, manchas vermelhas na pele, dor nas articulações e dificuldade de cicatrização.
Entre os alimentos que evitam o aparecimento do escorbuto estão as laranjas, morangos, brócolis, kiwis, pimentões e toranjas, mas o cozimento em excesso pode destruir nutrientes essenciais.

'Não podia acreditar'

Penelope Jackson foi uma das pacientes diagnosticadas com a doença, e disse que ficou perplexa.
"Eu não podia acreditar. Pensei: 'peraí, o escorbuto desapareceu há séculos'", disse ao Sydney Morning Herald.
"É algo que você associa com a Primeira Frota e os dias de Arthur Phillip e do capitão (James) Cook. Você não espera que ele esteja presente no século XXI".
Phillip foi o primeiro governador do estado de Nova Gales do Sul, que navegou com a Primeira Frota de colonizadores da Inglaterra em 1788, enquanto o navegador e explorador Cook é reconhecido por ter sido um dos primeiros a entender a relação entre frutas frescas e escorbuto.
Gunton, que publicou sua pesquisa sobre o ressurgimento da doença na revista internacional "Diabetic Medicine", disse que pacientes obesos ou acima do peso também podem sofrer essa condição.
O artigo relatou que não havia nenhum padrão social na incidência da doença e que os pacientes com dietas pobres pareciam ter origens socioeconômicas muito variadas.
"Esse resultado sugere que, apesar da grande quantidade de recomendações de dieta prontamente disponíveis para a comunidade, ainda há muitas pessoas (...) que não estão recebendo as mensagens", disse Gunton.
"O corpo humano não consegue sintetizar a vitamina C, por isso temos de comer alimentos que a contêm", advertiu a autora.
Hoje em dia, as autoridades de saúde não costumam fazer exames para diagnosticar o escorbuto, e o estudo de Gunton aconselha os médicos a levarem em conta este problema potencial, especialmente nos pacientes com diabetes.
"Principalmente se seus pacientes apresentam úlceras que não cicatrizam, facilidade para ter hematomas ou sangramento de gengivas sem causa evidente", disse.
No vídeo, a nutricionista Lara Natacci comenta sobre o ressurgimento do escorbuto e sobre as diferentes formas de consumir vitamina: alimentação ou suplementação. 

Maria Helena Araújo/jornalista/ fonte G1. com

Mulheres e crianças têm menos acesso à saúde na América Latina, diz Unicef

 
Mulheres e criança em região afetada pelo furacão Matthew em Damassins, Haiti. No país, 69 em cada mil crianças nascidas vivas morrem antes dos anos (Foto: REUTERS/Andres Martinez Casares)
As mulheres e os menores de idade pobres seguem sendo na América Latina e no Caribe os que menos têm acesso aos serviços de saúde, apesar dos avanços regionais, advertiu a Unicef nessa sexta-feira (9).
Segundo informe apresentado no Panamá, as desigualdades no acesso à saúde seguem sendo generalizadas na região, especialmente para as mulheres, grávidas e crianças, mesmo que "muitos países da América Latina e Caribe tenham procurado ampliar os serviços de saúde para as populações pobres e vulneráveis".
Essas desigualdades de acesso à saúde que afetam os grupos mais pobres da região os acompanham "durante toda sua vida", adverte o estudo.
Entre os problemas, a Unicef destaca que muitas crianças pobres não são registradas quando nascem, o que fazem elas não poderem acessar os serviços de saúde.
Outros, devido a suas condições de pobreza, morrem por causa de doenças tratáveis e curáveis como pneumonia, asma, ou diarreias.
No Haiti, 69 em cada 1.000 crianças nascidas vivas morrem antes dos cinco anos, seguido da Guiana (39), Bolívia (38), República Dominicana (31) e Guatemala (29). Os países com os índices de mortalidade mais baixos em menores de cinco anos são Cuba (4), Antígua e Barbuda (8), Chile (8), Uruguai (10) e Costa Rica (10).

Falha em educação para meninas

O informe destaca também a situação das meninas pobres, as quais recebem a pior educação, que se traduz em uma maior probabilidade de ficarem grávidas precocemente.
De acordo com a Unicef, a região "tem a maior concentração de números de gravidez adolescente no mundo".
Além disso, por terem que cuidar das crianças recentemente nascidas, as mães precoces são impedidas de entrar no mercado de trabalho, o que retroalimenta assim o círculo de pobreza.
Durante as últimas duas décadas, a América Latina "tem realizado importantíssimos progressos econômicos e sociais que impactaram positivamente" milhões de pessoas, disse María Cristina Perceval, diretora da Unicef para América Latina e Caribe, com sede no Panamá.
Ainda assim, a região segue sendo afetada "por profundas dívidas de dignidade e justiça, práticas sociais e mecanismos institucionais que reproduzem a violência e perpetuam a pobreza e exclusão", alertou. 

Maria Helena Araújo/ jornalista/ fonte G1. com

terça-feira, 15 de novembro de 2016

Experiências geram mais gratidão que bens materiais, sugere estudo

compraonline615
Você fica mais feliz depois de comprar um celular novo ou quando consegue ir a um restaurante bacana ou para a praia? Um estudo sugere que as pessoas sentem mais gratidão após vivenciar experiências do que depois de comprar algo.
A conclusão é de psicólogos da Universidade de Cornell, nos Estados Unidos, e foi publicada na revista científica Emotion.
A primeira parte da pesquisa contou com 95 pessoas entrevistas pela internet. Do total, 63% relataram gratidão após comprar viagens, passeios ou jantares, enquanto 37% apresentaram a sensação depois de adquirir móveis ou roupas. Em um segundo teste semelhante, com outras 300 pessoas, a tendência se repetiu.
A terceira parte do estudo consistiu na análise de 1.200 comentários publicados em sites de compras on-line. Mais uma vez, a sensação esteve mais presente nas opiniões sobre hotéis e restaurantes do que nas revisões de bens materiais.
Os pesquisadores ainda perceberam que a gratidão após vivenciar experiências afetou o comportamento dos consumidores. Nos testes aplicados, eles demonstraram mais generosidade em relação aos outros depois do investimento. Ou seja: quando você faz uma viagem bacana, quem convive com você também é afetado positivamente.

Maria Helena Araújo/jornalista/fonte UOL Ciência e Saúde

Líderes mundiais abrem conferência do clima à sombra de Trump

Marrakech, Marrocos, 15 Nov 2016 (AFP) - Os chefes de Estado e ministros de mais de 180 países abrem nesta terça-feira em Marrakech a 22ª Conferência da ONU sobre o clima (COP22), à sombra da eleição de Donald Trump à presidência dos Estados Unidos, um cético das mudanças climáticas.

Cerca de 80 líderes mundiais compareceram ao encontro em Marrakech para mostrar seu apoio à luta contra a mudança climática, diante da possibilidade de que os Estados Unidos abandone as negociações, o que acabaria com o frágil consenso.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, quis tranquilizar o mundo pouco antes da abertura da reunião, a primeira desde o histórico Acordo de Paris há um ano, que uniu 196 países.

Ban declarou que estava "otimista" e disse que Trump, que prometeu tirar os Estados Unidos do Acordo de Paris, "entenderá a urgência das mudanças climáticas".

"Eu tenho certeza que ele tomará uma boa decisão, adequada", acrescentou Ban a repórteres.

O secretário-geral da ONU também elogiou o passado empresarial de Trump e disse que espera que o magnata compreenda que a mudança climática tornou-se uma oportunidade de negócio.

Além disso, a ONU apelou os países desenvolvidos a aumentar sua ajuda aos países em desenvolvimento para enfrentar as mudanças climáticas. "O mundo prometeu ajudar os países em desenvolvimento a se adaptar às perturbações causadas pelo aquecimento, como a mudança nas precipitações e a elevação do nível do mar".

"Não temos direito de jogar com a sorte de futuras gerações", pediu Ban.

'Processo que não pode parar'Os Estados Unidos são o segundo maior emissor de gases do efeito estufa no mundo, atrás apenas da China. Sob a administração de Barack Obama, o país também foi um dos principais incentivadores das negociações climáticas que conduziram ao histórico Acordo de Paris, que entra em vigor em 2020.

Os Estados Unidos devem "respeitar os compromissos" adotados, disse o presidente francês, François Hollande. "Não é somente seu dever, é seu interesse", acrescentou.

A COP22 de Marrakech dá o sinal de partida para definir o calendário e as modalidades de aplicação do acordo de Paris nos próximos três anos, principalmente para que os países acompanhem os avanços mutuamente.

As negociações devem ainda começar a definir a forma como será entregue a ajuda financeira prometida aos países do Sul, mais afetados pelo aquecimento global, para transferir-lhes a tecnologia necessária e para, finalmente, decidir sobre os investimentos em mitigação (combate às mudanças climáticas) e adaptação.

No total, 196 países assinaram o Acordo de Paris, 109 o ratificaram.

Se Trump decidir retirar seu país do Acordo de Paris, como prometeu durante a campanha eleitoral, o tratado continuará em vigor, de acordo com especialistas, uma vez que a maioria dos países emissores (incluindo os EUA) já o ratificaram.

Mas tal medida iria prejudicar, sem dúvida, o processo de negociação. Muitos países poderiam ser tentados a deixar a mesa de discussão, ou atrasar a implementação dos seus compromissos, que não são juridicamente vinculativos.

"Nós temos um objetivo claro e vamos seguir em frente. Este processo, que parecia impensável há um tempo atrás, agora não pode parar", declarou a secretária executiva da Convenção sobre a Mudança Climática da ONU, Patricia Espinosa.

A luta contra o aquecimento global, que em 2016 voltará a bater recordes de temperatura, é essencialmente uma questão de vontade dos governos.

"Enfrentar o desafio das mudanças climáticas é a nossa responsabilidade comum e compartilhada", lembrou o representante especial chinês, Xie Zhenhua, cujo governo assegurou que não abandonará o acordo mesmo se Washington mudar de curso.

Crises mais difíceis de controlarO Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma) pediu que os países ricos aumentem suas contribuições.

Os países ricos prometeram em 2009 que a partir de 2020 entregarão até 100 bilhões de dólares anuais para lutar contra as mudanças climáticas nos países pobres.

Os países em desenvolvimento e pobres querem que a maioria desse dinheiro, que até o momento só é uma promessa, seja utilizado para adaptar-se as consequências das mudanças climáticas.

Mas a adaptação somente recebeu uma quinta parte dos fundos mobilizados até agora.

Um grupo de 27 militares e especialistas em segurança do mundo todo também publicou outra carta de alerta nesta terça-feira, dirigida aos mandatários da COP22.

"As mudanças climáticas vão fazer com que muitas das crises complexas globais atuais sejam ainda mais difíceis de resolver", alerta a carta do chamado Grupo de Trabalho sobre Segurança Climática.

A COP22 se encerra na sexta-feira, e o país anfitrião e presidente das negociações, Marrocos, negocia com outros participantes a possibilidade de emitir um apelo solene para continuar a luta.


Maria Helena Araújo/jornalista/fonte UOL Ciência e Saúde