Representantes de 140 países firmaram esta quinta-feira (10), no Japão, a Convenção Minamata sobre o uso e as emissões de mercúrio, batizada com o nome da cidade japonesa que sofreu o pior desastre ambiental provocado por este metal altamente tóxico.
A "Convenção Minamata" foi firmada por ocasião de um encontro organizado sob os auspícios da ONU em Kumamoto (sudoeste), perto de Minamata, após ter sido elaborada e adotada em janeiro passado, em Genebra.
O objetivo do acordo é reduzir em nível mundial as emissões de mercúrio, muito tóxicas para a saúde e o meio ambiente, assim como a produção e o uso deste metal, sobretudo na fabricação de produtos e em processos industriais.
Quando for ratificado por 50 países, o tratado entrará em vigor, algo que, segundo os organizadores da conferência, pode levar de três a quatro anos.
"Falta que muitos países em vias de desenvolvimento ratifiquem o tratado para que entre em vigor o quanto antes", declarou o ministro japonês de Meio Ambiente, Nobuteru Ishihara.
O mercúrio é um metal pesado muito tóxico para os seres vivos. Uma exposição excessiva a ele danifica o sistema imunológico e pode acarretar transtornos psicológicos e digestivos, a queda de dentes e problemas cardiovasculares ou respiratórios.
A convenção prevê, sobretudo, que em 2020 os produtos que usam mercúrio, como os termômetros, tenham desaparecido e no prazo de 15 anos deixe de ser usado na mineração.
Mas grupos ambientalistas temem que a Convenção não consiga deter o uso de mercúrio nas pequenas minas de ouro artesanais.
Segundo o Programa das Nações Unidas para o Meio Ambiente (Pnuma), nos últimos 100 anos dobrou a quantidade de mercúrio nos 100 primeiros metros de profundidade dos oceanos, procedente de emissões relacionadas com a atividade humana.
As concentrações nas águas profundas aumentaram 25%, estima o Pnuma.
Na quarta-feira, os participantes fizeram oferendas de flores aos pés do monumento dedicado aos mortos de Minamata.
No Japão, o nome Minamata se tornou um símbolo da indolência das autoridades diante de um drama de tal magnitude, assim como o desenvolvimento a qualquer preço e sem controle nas décadas de auge econômico depois da Segunda Guerra Mundial.
A empresa química Chisso continuou vazando mercúrio diretamente no mar até 1968, apesar de os primeiros alertas terem sido emitidos em meados dos anos 1950.
Em mensagem de vídeo difundida esta quarta-feira (9), na abertura da conferência, o primeiro-ministro japonês, Shinzo Abe, prometeu uma ajuda de US$ 2 bilhões para ajudar os países em desenvolvimento a combater a contaminação no período 2014-2016.
"Precisamente porque o Japão sofreu com o mercúrio e superou o problema, hoje tem o dever de liderar os esforços internacionais para eliminar" esta ameaça, declarou.
Um comentário que causou irritação em Minamata, onde muitos habitantes ainda sofrem os estragos provocados pelo mercúrio há várias décadas.
"O governo, sobre o qual recai a responsabilidade, não deveria dizer que 'superamos' o problema", declarou Masami Ogata, vítima de 55 anos, ao jornal Yomiuri Shimbun.
da redação Maria Helena Araújo / jornalista / fonte R7 Saúde
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