sexta-feira, 11 de outubro de 2013

Excesso de peso no Brasil é “problema de saúde pública”, diz governo


Mais da metade da população brasileira está acima do peso. De acordo com dados recentes divulgados pelo Ministério da Saúde, 51% das pessoas está com sobrepeso. O dado é tão preocupante que o Governo Federal já encara como “problema de saúde pública”. A coordenadora geral de doenças e agravos não transmissíveis da Vigitel (Vigilância de Fatores de Risco e Proteção para Doenças Crônicas por Inquérito Telefônico, Marta Silva) disse que o “sinal vermelho já foi aceso”.

— Isso está se tornando epidemia [excesso de peso e obesidade]. É uma preocupação porque o Brasil está caminhando para índice de obesidade elevado, como já acontece em países como Chile e Estados Unidos. Por isso, é necessário agir de forma integrada entre sociedade e governo.

Em 2006, o índice de sobrepeso estava em 43%. E a obesidade pulou de 11% para 17% em 2012. De acordo com Marta, esse aumento torna um “fator de risco para o surgimento de várias doenças”.

— Esse patamar elevado impacta na qualidade de vida da população, no aumente dos casos de internação e mortalidade da população brasileira.



São várias as causas que justificam o aumento no excesso de peso do brasileiro, de acordo com a coordenadora. Segundo ela, o brasileiro está “se alimentando mal” e praticando pouca atividade física.

— A população brasileira reduziu o consumo de frutas e hortaliças e aumentou a de gordura saturada.



Além destes “motivos óbvios” com alimentação e exercícios físicos, a endocrinologista coordenadora e professora de Pós-Graduação em Endocrinologia pelo ISMD (Instituto Superior de Medicina) Claudia Shang explica que há “fatores coadjuvantes” que contribuem para o aumento no peso.

— O padrão de sono da população geral tem mudado. As pessoas estão dormindo cada vez menos. Dormir menos de seis ou sete horas já é fator de risco para ganho de peso. Além das alterações associadas ao sono, pacientes que tem excesso de peso tem redução de vitamina D e isso colabora no desenvolvimento de doenças, como o diabetes. Quanto maior a massa de gordura, maior será a deficiência deste tipo de vitamina.


Além de todos estes fatores, a médica ainda explica que há estudos recentes que mostram que os agrotóxicos encontrados em alimentos interferem no aumento de peso.

— Os agrotóxicos e bisfenol (substância presente em algumas embalagens plásticas) entram no sistema endócrino e podem contribuir para a obesidade.


Quanto maior o peso, mais risco o paciente terá de desenvolver doenças cardiovasculares, como infarto e AVC (acidente vascular central). De acordo com o médico cardiologista da Unifesp (Universidade Federal de São Paulo) Francisco Fonseca, pessoas que “comem mais, vivem menos”.

— O excesso de peso está associado à elevação da pressão arterial, aumento das gorduras no sangue, a diminuição do colesterol bom, a tendência a diabetes, inflamação do organismo, além do aumento dos derrames e taquicardíacos.



Não tem jeito, uma das maneiras de reduzir o peso é a reeducação alimentar e atividade física, segundo o cardiologista.

— Nós tentamos dietas gradativas. Porque as radicais só funcionam por um determinado momento e é difícil do paciente segui-la. Já na questão da atividade física, como muita gente diz não gostar ou não ter tempo, então, a gente indica que a pessoa troque o elevador pela escada, caminhe um pouco mais na rua, passe o final de semana se movimentando, saia um pouco de casa, ande de bicicleta...


A obesidade moderada ocorre quando o indivíduo tem IMC (índice de massa corporal) entre 30 e 34,9. O IMC é calculado dividindo o peso pela altura elevada ao quadrado.




da redação Maria Helena Araújo / jornalista / fonte / R7 Saúde






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