Uma vacina experimental de dose única é capaz de proteger ratos contra o
vírus da zika, afirmam cientistas norte-americanos em um estudo
publicado na revista "Nature".
Os resultados "impressionantes"
devem mobilizar esforços de pesquisa, dizem eles, e renovar as
esperanças de que seja obtida uma vacina para humanos - os testes em
pessoas estão previstos para começar em alguns meses.
No entanto, mesmo que a vacina se mostre eficaz, sua liberação para
proteger os grupos que correm mais riscos com a doença, como mulheres
grávidas, ainda levaria alguns anos, alertam especialistas.
Necessidade urgente
O zika tem se espalhado pelas América do Sul e Central e, mais
recentemente, pela África. A transmissão continuada da doença por meio
de mosquitos já foi confirmada em mais de 60 países e territórios.
O vírus causa sérias malformações em fetos durante a gestação e foi declarado como uma emergência global de saúde pública.
Desenvolver uma vacina para mulheres grávidas e, assim, proteger seus bebês é uma prioridade científica internacional.
Réplica do vírus
A equipe de cientistas do Instituto de Pesquisa Militar Walter Reed
(WRAIR, na sigla em inglês), o Centro Médico Diaconisa Beth Israel e a
Escola de Medicina de Harvard testaram dois tipos de vacina em ratos -
uma baseada em trechos do DNA do vírus e outra que usa uma réplica
inativa (e, portanto, inofensiva) de zika.
Ambas tiveram bons
resultados, protegendo os ratos do vírus. Em comparação, todos os
animais que não foram imunizados foram infectados por zika.
O
WRAIR diz que desenvolverá a vacina com o vírus inativo por tratar-se de
uma técnica de imunização já bastante conhecida - muitos outros tipos
usam esse tipo de tecnologia, enquanto há poucas baseadas em DNA.
Novos testes verificarão se a vacina é segura e eficaz em humanos, e por quanto tempo dura a proteção.
"Há muitas incertezas", diz o cientista Dan Barouch, de Harvard.
"Esperamos que a eficácia demonstrada em testes pré-clínicos seja
animadora para mobilizar esforços para desenvolver uma vacina contra o
zika."
Outros pesquisadores vêm testando o efeito que a infecção
pelo vírus tem no sistema imunológico de macacos. Esse estudo indicou
que, uma vez recuperados da doença, a imunidade perdura nos animais - ao
menos por alguns meses, tempo em que eles estão sob observação até
agora.
Cientistas da Universidade de Wisconsin-Madison, nos
Estados Unidos, dizem que isso é uma boa notícia para o desenvolvimento
da vacina.
"Sugere que a imunização que ocorre naturalmente é
suficiente. Se você conseguir imitar isso com uma vacina, é bem provável
que ela seja bem-sucedida", diz o pesquisador-chefe David O'Connor.
Cautela
Mas outros especialistas preferem ser mais cautelosos. Jonathan Ball,
da Universidade Nottingham, no Reino Unido, diz que há riscos em
potencial que precisam ser analisados.
"Os estudos mostram
claramente que a vacina leva à geração de anticorpos que protegem o rato
de uma infecção por zika, mas é possível que também gere efeitos
colaterais indesejados e potencialize a infecção por outras doenças
causadas por vírus da mesma família de zika", afirma.
Peter
Openshaw, da Sociedade Britânica de Imunologia, diz ser importante
realizar testes em humanos o mais rápido possível. "Quando a vacina
estiver pronta, muitos da população considerada vulnerável já terão sido
infectados", explica.
"O objetivo da vacinação será, então,
proteger quem viaja e aquelas que desejam ficar grávidas. Será vital
verificar como as vacinas funcionam nesses casos e como superar as
barreiras práticas e econômicas para a aplicação da vacina."
Maria Helena Araújo/jornalista/fonte UOL Notícias Ciência e Saúde
Nenhum comentário:
Postar um comentário